quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Convite Rosas Negras

II Encontro intergeracional: dialogando sobre o feminismo negro a se realizar no dia 05 de dezembro de 2010 a partir das 13h30 no Núcleo de estudos em Gênero, Raça e Africanidades (Espaço Bem-Me-Quero –Rua José Carlos Camargos, 218 – Centro – Contagem).

Nesta atividade contaremos com as contribuições de:
  • Renata Belarmino - Psicologa
    Conceitos básicos e experiência de ser feminista, negra, jovem
  • Suely Virginia – Assistente social
    A política dos sentimentos na vida das mulheres negras
  • Matilde Ribeiro – Ex-ministra da Promoção da Igualdade Racial
    Trajetórias e perspectivas da luta das mulheres negras na promoção da Igualdade.
  • Cássia Reis – Integrante da Organização de Mulheres Negras Ativas
    Mediadora

Após o nosso diálogo, faremos uma confraternização cultural com intervenções livres. Fique a vontade a vontade para expressar sua arte!

O Projeto Rosas Negras, esta sendo desenvolvido com apoio do Fundo de Investimento Social – ELAS, pela FES (Fundação Friederich Herbert ) e de parceiros locais e tem como objetivo contribuir para popularização o feminismo negro, na perspectiva das mulheres jovens, favorecendo o acesso à instrumentos de empoderamento das mulheres.

Muito nos alegrará a sua participação!

Atenciosamente,


Larissa Amorim Borges
Organização de Mulheres Negras ATIVAS




terça-feira, 23 de novembro de 2010

Psicologia e FeminismoS CONVITE

Psicologia e Feminismos convida para:

Roda de conversa sobre

Corpo - Espaço de prazer e resistênciaa

dia 26 de novembro, 15 às 17 horas, FAFICH/ sala 2074

sábado, 13 de novembro de 2010

MOVIMENTO ABRAPSO

Movimento ABRAPSO

Movimento ABRAPSO

Movimento ABRAPSO

XVIII ENCONTRO ABRAPSO CORONEL FABRICIANO


Movimento ABRAPSO
Malu, Lu e Vanessinha



Movimento ABRAPSO
Alun@s Puc São Gabriel


Movimento ABRAPSO
"Ando devagar porque já tive pressa" Almir Sater
Bora para o Movimento!



Moviemento ABRAPSO


Movimento ABRAPSO
Roda Mundo, Roda Gigante

Fotos ABRAPSO Regional


MOVIMENTO ABRAPSO
Vanessa , Bruno e Zé Roberto.
Campus Coronel Fabriciano

sábado, 23 de outubro de 2010

A FACE OCULTA DO RACISMO NO BRASIL

CAMINO, Leôncio. SILVA, Patrícia da. MACHADO, Aline e PEREIRA, Cícero. A face Oculta do Racismo no Brasil: Uma análise Psicossociológica. Revista de Psicologia Política. Volume 1, número 1 – Jan./Jun., 2001. Disponível in http://www.fafich.ufmg.br/~psicopol/psicopol/ver_volume.php?cod=42 Acesso em 05 de outubro de 2010.

Fernanda Márcia de Lima [1]
Flávia Zarratini Amorim[2]
Luana Carola dos Santos[3]

O texto aborda questões instigantes no que diz respeito à face oculta de algumas expressões e atitudes racistas no Brasil. Por meio da citação de diversas pesquisas já realizadas sobre o tema intitulado racismo e do relato de uma pesquisa realizada pelos autores com a amostra de cento e vinte universitários, dentre eles homens e mulheres (a maioria mulheres) com a faixa etária de 26 anos da Universidade Federal da Paraíba os autores nos convidam a pensar a seguintes questões: “Como se processam no Brasil as normas anti-racistas e como se justificam as discriminações concretas?” (p.19) A maioria dos estudantes que participaram da pesquisa não se declaram como preconceituosos, mas reconhecem o povo brasileiro como um povo preconceituoso. Há um reconhecimento de atitudes preconceituosas no outro, mas não em si. Como pensar então as articulações psíquicas, sociais, históricas, políticas e econômicas no processo de formação da ideologia racista?
A pesquisa realiza pelos autores com os universitários é quantitativa e qualitativa, utilizam como procedimentos metodológicos o questionário, que contempla perguntas associadas à investigação de atitudes preconceituosas associadas à própria pessoa e ao povo brasileiro. Os autores relatam que utilizam também uma técnica que pretende convidar as pessoas a nomear com adjetivos as qualidades e os defeitos das pessoas brancas e negras. Com esta técnica investigaram os estereótipos construídos pelos universitários sobre o “ser negro” e o “ser branco”. Achamos interessante a forma como os pesquisadores estruturam sua pesquisa. Na Conferência de Abertura do XVIII Encontro Regional da ABRAPSO Minas o Professor e pesquisador Leôncio Camino (um dos autores deste texto) esteve presente e lançou uma discussão interessante sobre a necessidade de articulamos mais a pesquisa qualitativa com a pesquisa quantitativa, sem dicotomizações, mas dialogando estes jeitos de pensar/fazer pesquisa nas ciências humanas. Neste evento teceu reflexões e apresentou um “olhar psicossociológico sobre as eleições”. Ao lermos este texto confirmamos suas reflexões teóricas.
Os autores fazem apontamentos importantes durante o texto para dizer da face oculta do racismo alguns deles são: observamos que nas sociedades modernas atitudes de discriminação racial e étnica são proibidas no cenário público por lei. Todavia será que apenas esta proibição garante a não disseminação e reprodução de atitudes preconceituosas? Esta é uma questão cerne que atravessa o texto.  Segundo as pesquisas apresentadas observa-se que há novas formas de preconceito racial “o que parece estar ocorrendo é uma mudança nas formas de expressão e no conteúdo do preconceito”... “O racismo aberto, militante e agressivo dos anos 40 esta sendo gradualmente substituídas pela preocupação menos evidentes e mais difundidas de racismo” (p.15); Neste sentido os autores lançam mão do conceito de “racismo cordial” [4]e do fenômeno da globalização[5] para melhor compreendermos o surgimento de novas formas de preconceito.
Outro ponto interessante que os autores realçam é que apesar da Psicologia considerar o racismo como uma atitude, é necessário pensarmos as atitudes dialogadas com as condições históricas, culturais e econômicas dos sujeitos. Um fator que atravessa as expressões do racismo no Brasil é a miscigenação. Os autores têm uma posição crítica em relação à obra de Gilberto Freire “Casa Grande e Senzala”, que sustenta os mitos do lusotropicalismo. E é também a miscigenação que sustentaria a crença da democracia racial no Brasil. [6]
            Os dados do IBGE em relação e cor e raça são estudados pelos autores que localizam que a classificação pela cor apresenta sérios problemas no Brasil devido à miscigenação da população e a dificuldade da mesma de saber o que está sendo perguntado: cor da pele, raça ou etnia.
            Alguns resultados apresentados na pesquisa realizada pelos autores trazem os seguintes apontamentos: Ao ser referir-se a si, o sujeito tenderá a negar ser preconceituoso. Sobre as perguntas que dizem respeito às atividades desenvolvidas por pessoas brancas e negras, os estudantes responderam que os brancos tende a ocupar lugares de poder e pessoas negras ocupam atividades relacionadas a espetáculos, esportes. Os adjetivos atribuídos a pessoas brancas são referentes a adjetivos de pessoas de países de primeiro mundo, e aos negros, adjetivos de pessoas de terceiro mundo.
            Para concluir: Observamos por meio do texto e das questões e análises históricas e pesquisa exploratórias desenvolvidas pelos autores que no Brasil existe preconceito, mas a grande maioria não se percebe como preconceituosa. Sendo assim, observamos que por trás da lei que determina a proibição de atitudes preconceituosas, há sublimes formas de disseminação do racismo que precisam ser colocadas em evidência e discutidas politicamente.


[1] Acadêmica do 10° período de Psicologia da PUC Minas São Gabriel.
[2] Acadêmica do 10° período de Psicologia da PUC Minas São Gabriel.
[3] Acadêmica do 10° período de Psicologia da PUC Minas São Gabriel.
[4] Este conceito foi elaborado por Rodrigues (1995), que caracteriza o racismo cordial como uma atitude de não ofender mais aquele que se discrimina. Todavia, temos a presença de um racismo zelosamente guardado e mascarado.
[5] A globalização seria um modo de justificar o racismo como produto da desigualdade econômica. Neste sentido teríamos a questão do racismo não está na cor, mas na classe econômica.
[6] As discussões têm muitas semelhanças com o texto intitulado “A mestiçagem enquanto o dispositivo de poder e a constituição de Nossa Identidade Nacional”, de autoria de Emanuel Mariano Tadei. Texto utilizado na disciplina de Psicologia Social II para discussões/reflexões sobre racismo.

TEXTO PRODUZIDO PARA A DISCIPLINA DE PSICOLOGIA SOCIAL II, no segundo semestre de 2010.

E vc o que pensa sobre isso?

Boletim UFMG: Aborto: Por que a autonomia das mulheres incomoda tanto?

ABORTO: por que a AUTONOMIA
das mulheres incomoda tanto?

Claudia Mayorga*

O  tema da legalização do aborto no Brasil tem sido marcado por impasses: se por um lado assistimos, principalmente a partir das conferências nacionais e internacionais de políticas para as mulheres, à construção de demandas ao Estado brasileiro pela descriminalização do aborto, inserindo o tema no campo dos direitos sexuais e reprodutivos, por outro, observamos o crescimento e a explicitação de posições conservadoras por parte de grupos religiosos que aumentaram sua força política no Congresso Nacional Brasileiro e que tem construído, de forma sistemática, forte oposição em relação à questão.
Tal impasse nos coloca mais uma vez a pergunta sobre por que o aborto continua sendo um tema “intocável” na sociedade brasileira. Quais poderes e interesses estariam em jogo quando se discute o aborto legal?
Nos anos 1960 e 1970, o feminismo se consolidou como uma hermenêutica da suspeita, situando-se entre as correntes interpretativas críticas que mantiveram postura de desconfiança ante as práticas culturais, poderes e saberes monológicos e diante das totalizações universalistas marcadas por princípios patriarcais. As lutas das mulheres por igualdade e por reconhecimento das diferenças no campo da política e dos direitos sexuais e reprodutivos, da vivência da sexualidade e autonomia em relação ao corpo terão, como foco fundamental, a luta contra algumas verdades patriarcais que legitimam relações de desigualdade.
Duas dessas verdades, pilares fundamentais para o patriarcado, devem ser novamente problematizadas quando discutimos a autonomia sexual e reprodutiva: a noção de que as mulheres estão estreitamente vinculadas à natureza e que, portanto, a sua sexualidade se resume ao papel da reprodução e a noção de que elas, por sua capacidade “natural” de serem mães, possuem relação especial com os demais, a potencialidade de amar e se entregar incondicionalmente ao outro, mesmo que essa entrega envolva abrir mão da sua condição de sujeito.
O patriarcado, objetivado nos dispositivos de poder como a religião, a ciência, o direito, instituiu verdades, demarcou e construiu as mulheres como “outras”, definindo a representação masculina como o uno, o universal. Uma das críticas que se fará à noção moderna de cidadania diz respeito à exclusão das mulheres, já que elas serão definidas como o oposto do sujeito livre e igual: competirá a elas o lugar da maternidade, cuidado da família e da vida privada, pois, pela sua natureza, teriam características morais, psicológicas e intelectuais distintas, o que justificaria a sua permanência em lugares sociais bastante restritivos, sendo o controle dos seus corpos alvo prioritário do patriarcado.
O feminismo denunciará que existe forte tendência à coisificação da mulher que a leva, frequentemente, a ocupar o lugar do objeto sexual e não de pessoa; denunciará que a sua liberdade sexual e o controle do seu próprio corpo estão vedados através do culto à virgindade, dupla moral, proibição do aborto. Essa contínua vigilância manterá as mulheres em estado de infantilismo que se manifesta, por exemplo, por meio de uma dependência subjetiva à figura masculina. Assim, a mulher constituiu-se a partir de discursos que têm a peculiaridade de serem masculinos; não por simplesmente serem produzidos por homens em oposição às mulheres, mas por ter como condição de possibilidade o silêncio das mulheres.
As mulheres recebem um conjunto de atributos derivados de sua qualidade mais imediata: a maternidade. O instinto materno consiste em um comportamento pré-estabelecido e predeterminado em sua forma e conteúdo e é definido como um comportamento que sustenta e protege a vida. A maternidade se torna a plenitude do feminino; negar essa condição é negar a natureza, o cuidado da vida, o amor materno, a própria feminilidade. Identificar esse aspecto é importante para a compreensão de como as mulheres são heterônomas – definidas como esposas, mães, filhas, ou seja, seres para os outros e não seres com os outros. Características como consciência, liberdade, escolha, discernimento serão historicamente negadas às mulheres. Relacioná-las com a esfera da natureza sustenta relações de desigualdade, atualizando o sistema mítico de naturalização do lugar das mulheres.
É importante destacar que os processos de estigmatização e violência vão ter papel fundamental para a manutenção dessas concepções essencializadoras e a sociedade produzirá sanções àqueles(as) que as transgridam. No caso das mulheres que realizaram ou defendem a legalização do aborto, a estigmatização está fortemente presente: quem são essas mulheres más/ loucas/ignorantes/irresponsáveis/criminosas que interromperam ou defendem a interrupção voluntária da gravidez? Onde está seu instinto materno? Que monstruosidade é essa defendida e realizada por essas mulheres? Esse tipo de julgamento moralizante, culpabilizador e que criminaliza as mulheres está baseado em modelo que tem como base o seu controle através de grande pressão e violência.
O patriarcado tem atuado para negar às mulheres justamente o que pode constituí-las como sujeitos – a autonomia para falar, pensar e agir. Esse aspecto é de suma importância para o debate sobre a legalização e descriminalização do aborto, pois as vozes das mulheres, a partir das lógicas patriarcais, não são reconhecidas como legítimas para falar e agir em prol do direito de decidir. A luta pelo aborto legal é a luta das mulheres pelo direito a ser sujeito de sua própria vida – resistindo às heterodesignações e a favor da autonomia.
*Professora do Departamento de Psicologia, participante do Grupo Psicologia e Feminismos e coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Psicologia Política da Fafich